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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
posted at 06:30


Nâo, definitivamente não se deve esperar abrir as páginas de O evangelho de Coco Chanel e encontrar um livro sobre moda, ou ainda, pura e simplesmente, uma biografia da estilista francesa. Muito menos um texto sobre auto ajuda. 


O Evangelho de Coco Chanel, escrito pela americana Karen Karbo, é uma tentativa um tanto quanto ousada de recriar mais do que uma história, mais do que um passo a passo do que transformou Chanel em Chanel.

Uma verdadeira tentativa de entender a essência chaneliana; o que de fato esse espírito, esse olhar apurado sobre a vida, sobre os negócios e sobre a moda fizeram com que a estilista tivesse uma importância atemporal não apenas no campo que escolheu trabalhar.

Pode parecer um tanto quanto estranho e de fato é, afinal o livro foi lançado em 2010 e por mais que Karen Karbo tenha se lançado ao longo de dois anos em pesquisas sobre o assunto, todas as passagens tem um quê de impressões pessoais presente. O que, no entanto, não tira seu mérito em ser ácido e livre de grandes regras de ética, bem ao estilo de Chanel, eu diria.

O que me gusta no livro é seu tom irônico, é a facilidade com que Karen mostra uma Chanel em processo de “ser Chanel”, uma mulher que, indiscutivelmente, nunca haverá outra igual. 

Paralela a história de Coco, Karen Karbo ainda conta a sua própria história, ou melhor, a sua própria saga há procura de um verdadeiro casaco Chanel-Chanel (e não Lagerfeld – Chanel como deixa bem claro). É uma procura longa e complicada, que mesmo em solo francês tem uma dificuldade imensa em se realizar (a máxima de que as francesas são únicas e imponentes faz um sentido enorme aqui).

De qualquer forma, sua saga pelo casaco é contada ao lado da história da protagonista:  uma mulher que desde sempre pregava que menos é mais e que. acima de tudo, não conseguia entender (alguém entende?) como as mulheres podiam se sentir bonitas em roupas que lhe apertavam, que lhe maltratavam e que as transformavam em verdadeiras alegorias.

Suas brigas com Paul Poiret, seus casos de amor, sua determinação em colocar o trabalho acima de tudo, mesmo que isso lhe custasse horas e horas a fio em pé no seu ateliê costurando uma manga quantas vezes fosse necessário até atingir a perfeição.  Sua capacidade de ressurgir, aos 80 anos de idade, para mostrar que ninguém – nem mesmo Dior – tornaria as mulheres desconfortáveis novamente. 


Para quem quiser saber mais sobre o livro recomendo essa matéria da Istoé, publicada em 11 de junho de 2010 quando o livro havia acabado de ser lançado no Brasil.

Para quem quiser comprar o livro, dá pra fazer a compra online pelo site da Livraria da Travessa.

Para quem achou a data de lançamento do livro próxima à avalanche de publicações sobre Chanel em filmes e livros, está certo. 
Se alguém se arrisca e faz sucesso, bem, vocês já sabem o resto...

As ilustrações do post são as mesmas ilustrações que aparecem nas páginas do livro, feitas por Chesley Mclaren.

Abaixo alguns trechos da publicação


“Na França, ser feminina indica que você gosta dos homens, que você está disponível para eles e quer tê-los do seu lado, mesmo tendo atributos que nós normalmente associamos aos homens.” – Debra Ollivier em carta para Karen Karbo


"As suas espetaculares ligações, suas fúrias, suas grosserias, suas fabulosas joias, suas criações, seus caprichos, seus excessos, sua bondade assim como seu humor, tudo isso faz parte da sua personalidade única, cativante, atraente, propensa a exagero e muito humana [...] Ela olha para você com ternura, depois meneia a cabeça e você é condenado à morte.” – frase de Cocteau sobre Chanel


“Ela concordou quando Beaux sugeriu o uso de moléculas sintéticas, captando as nuances de usar algo artificial não só para imitar o cheiro real, mas para fixá-lo, sem permitir que ele desaparecesse. Conceitualmente, ela gostou da ideia de um perfume ser uma coisa construída, como um vestido com um lindo modelo." – Karen Karbo sobre o Chanel nº5


“Antes de sair de casa olhe-se no espelho e tire um acessório” – Chanel


“A moda é sempre da época em que se vive. Não é uma coisa independente. Mas o grande problema, o problema mais importante é rejuvenescer as mulheres. Fazer as mulheres parecerem jovens. Então elas veem a vida de modo diferente. Elas se sentem alegres.As mulheres sempre foram as que são fortes no mundo. Os homens estão sempre procurando nelas um travesseirinho para nele encostar a cabeça. Os homens estão sempre ansiosos pela mãe que os punha no colo quando eram bebês. As mulheres precisam dizer aos homens que eles são fortes. Eles são os grandes, os vigorosos, os maravilhosos. Na verdade as mulheres são as fortes. É o que eu penso. Não sou professora. Emito minhas opiniões mansamente. E são verdade para mim. Não sou jovem, mas me sinto jovem. No dia em que me sentir velha eu irei para a cama e lá ficarei. J'aime la vie. Acho que viver é uma coisa maravilhosa."– Chanel em entrevista ao New Yorker


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